Vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura brilha em Festival Utopia, em Braga
Postado em 25 DE novembro DE 2024Aline Bei, premiada em 2018 com O peso do pássaro morto, participou de debate inspirado na obra de Virginia Woolf. A ação contou com apoio do SisEB
O Prêmio São Paulo de Literatura esteve bem representado na mais recente edição do Festival Literário Utopia, realizado de 15 a 24 de novembro, em Braga, Portugal. Em parceria com SisEB (Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas), gerenciado pela SP Leituras para a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, a programação contou com a presença da escritora Aline Bei, vencedora da edição de 2018 na categoria Melhor Romance de Estreia até 40 anos com O peso do pássaro morto (Nós Editora).
Aline participou da mesa de debate Um Quarto Só Nosso, inspirada no ensaio Um quarto só seu, de Virginia Woolf, publicado em 1929. Ao lado das escritoras portuguesas Madalena Sá Fernandes e Maria Francisca Gama, Aline dialogou com o público sobre sua trajetória, obra e o papel das mulheres na literatura contemporânea. A mediação ficou a cargo de Afonso Borges, integrante do Conselho de Administração da SP Leituras.
Um quarto só seu é considerado um marco do feminismo moderno e uma das obras mais importantes do século 20. O texto, baseado em palestras que Virginia Woolf ministrou em 1928 nas primeiras faculdades femininas de Cambridge, reflete sobre a condição social das mulheres e as inúmeras limitações que enfrentaram ao longo da história.
“Virginia Woolf defende nesta obra que é impossível falar sobre mulheres sem abordar a submissão e a necessidade de um espaço próprio, historicamente negado a elas”, pontuou Madalena Sá Fernandes.
Aline Bei enriqueceu a discussão ao mencionar A obrigação de ser genial, da escritora argentina Betina González. “Apenas ser genial justificaria o fato de uma mulher ser escritora e abandonar, digamos, as tarefas da rotina para se enclausurar em um quarto por anos e produzir uma obra”, destacou. Ela acrescentou: “O trabalho precisa transformar o mundo, porque, se for apenas mais um livro entre tantos, isso não justifica a nossa liberdade de expressão.”
Maria Francisca Gama também trouxe contribuições relevantes ao debate. “O que tenho feito e desejo continuar fazendo é escrever sobre os assuntos que me inquietam e que, durante muito tempo, foram vistos apenas sob uma perspectiva masculina”, afirmou. Entre os temas destacados por ela estão a violência contra a mulher, a intimidade, o prazer feminino e a posição das mulheres na sociedade contemporânea.
O Festival de Literatura Utopia apresentou uma programação diversificada, com conversas, espetáculos, oficinas, entrevistas, exposições, workshops, sessões com escolas, passeios literários e outras atividades. Promovido pela The Book Company e pela Penguin Random House Grupo Editorial, o evento se consolidou como um importante ponto de encontro literário, contribuindo para que Braga receba, em 2025, o título de Capital Portuguesa da Cultura.
Conexões internacionais
Além de impulsionar a produção literária brasileira e oferecer a maior premiação individual em dinheiro para publicações do gênero, o Prêmio São Paulo de Literatura – que neste ano laureou Luciany Aparecida e Eliane Marques com R$ 200 mil cada – também se consolida como um importante catalisador de conexões internacionais. Em 2025, novos vencedores poderão representar o Brasil no Festival Utopia, ampliando a presença da literatura nacional no cenário global.
Já em 6 de dezembro, Mariana Salomão Carrara, Alexandre Alliatti e Rita Carelli, vencedores de edições anteriores do Prêmio, participarão de uma mesa-redonda na Feira Internacional do Livro de Guadalajara mediada por Giovanna Sant'Ana, superintendente técnica da SP Leituras. Em breve, novidades!