Em abril, os convidados do Segundas Intenções foram Carolina Munhóz e Raphael Draccon, o casal 20 da literatura de fantasia no Brasil. O evento teve casa cheia, muitas perguntas e fila para tirar fotos e autógrafos. Foi neste sábado, 29, às 11 horas, com a moderação do curador Manuel da Costa Pinto. Draccon, 35 anos, é roteirista e autor de nove livros best-sellers de fantasia, entre eles as trilogias Dragões de éter e Legado Ranger. Carolina, 28 anos, é jornalista, roteirista e autora de oito livros, incluindo O inverno das fadas e a trilogia Trindade leprechaun.
Ela começou na literatura pois era gótica na escola e, como sofria bullying, gostava de se esconder na biblioteca. Uma vez, a funcionária do espaço pediu para ela ler um livro em uma semana. Ela topou. Depois disso, começou a escrever fanfics dos livros de Harry Potter, ou seja, escrever tramas alternativas para os personagens que gostava. “Um dia sonhei com uma fada e escrevi o primeiro capítulo de A fada. Gostei bastante e não parei mais”.
Ele comentou que a grande inspiração foi seu avô, que era projecionista de cinema e grande um contador de histórias. Foi ele que o levou para assistir filmes do Bruce Lee, que se tornou um modelo para o autor: era escritor, lutava artes marciais e trabalhava com cinema. Perseguindo esse ideal, Draccon se tornou faixa preta em taekwondo, fez faculdade de cinema – onde recebeu prêmios de roteiro – e começou a escrever livros.
Conta que escreveu o primeiro livro de Dragões de Éter em quatro meses. A trilogia já passou dos 200 mil exemplares comercializados. “Queria resgatar o que a minha geração sentia vendo o desenho Caverna do Dragão. Eu gosto de falar de buscas espirituais. Outro livro que me marcou foi Capitães da Areia, de Jorge Amado. Peguei na estante do meu avô e, quando terminei, o sentimento foi muito forte. Ali quis me tornar escritor. Aprendi muito também com o RPG, onde você aprende a pensar como personagem e não como você”.
O autor aponta outras referências como André Vianco, de quem é amigo pessoal, Marçal Aquino, Monteiro Lobato e Pedro Bandeira. Dos estrangeiros, gosta de C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien e George R. R. Martin. “Mas Robert Howard, de Conan, e Stephen King são os meus favoritos. H. P. Lovecraft também é um cara que gosto, é o escritor máximo do horror. Ele leva seus personagens à loucura”.
As referências de Carolina também seguem nessa linha. Ela se diz fã de Paulo Coelho desde os oitos anos. Adora as obras da Série Vaga-Lume, uma conhecida coleção de livros publicada pela Editora Ática. Gosta do movimento girl power e destaca as escritoras Suzanne Collins, de Jogos Vorazes, e Marion Zimmer Bradley, de As Brumas de Avalon, esta última moldou seu estilo.
“Agora estou lendo Thirteen reasons why (Os treze porquês). Vi a série na Netflix e fiquei interessada pelo livro. Finalmente alguém está tendo coragem de falar de depressão adolescente no audiovisual. E com muita delicadeza e sensibilidade”, diz. Para o futuro, ela adianta. “Muita gente pede um livro escrito juntos. Aviso que a ideia está sendo desenvolvida e deve ser lançada em 2018 ou 2019”.
Veja fotos da atividade: