Saiba como foi o Segundas Intenções deste sábado, 11
Postado em 13 DE fevereiro DE 2017Neste sábado, 11 de fevereiro, foi realizado o primeiro bate-papo do Segundas Intenções deste ano. Os convidados foram dois dos principais nomes da literatura marginal e periférica: o educador e escritor Rodrigo Ciríaco, autor dos livros Te pego lá fora, 100 mágoas e Vendo pó…esia e o rapper e poeta Renan Inquérito, que assina o título Poesia para encher a laje. A mediação coube ao crítico literário Manuel da Costa Pinto.
No debate, eles falaram da intersecção entre a literatura, rap e o movimento de saraus na cidade de São Paulo. Também apontaram os problemas e desafios da educação no país; eles mesmo são educadores de formação e acreditam que a universidade pública ainda é um espaço elitizado que pode e deve ser ocupado pelas pessoas de baixa renda, embora passar no concorrido vestibular ainda é um grande desafio para muitas delas. Falaram que a escola brasileira como um todo – seja ela pública ou privada – ainda não tem ferramentas para ensinar e formar um público leitor. Ciríaco disse que ‘saiu da escola para poder educar’. Ele pediu a exoneração de seu cargo público para poder se dedicar à escrita e dar oficinas literárias.
Ambos comentaram sobre o aniversário de sete anos da Biblioteca de São Paulo (BSP), que está situada no espaço onde ficava o antigo presídio do Carandiru. Eles veem na criação deste centro cultural uma simbologia que aponta um caminho, uma vez que violência gera violência. De acordo com Inquérito, no Brasil estamos perdendo um pouco do “sentido ético, moral e humanitário” e que por muitas vezes a opinião publica vê no encarceramento em massa uma forma de vingança contra uma população que tem menos oportunidades.
Sobre referências literárias, os dois escritores falaram da forte influência dos quadrinhos na sua formação. Na infância liam muito Turma da Mônica, X-Men e Wolverine. Também apontam escritores como Clarice Lispector, Eliane Brum, Guimarães Rosa, Manoel de Barros e Mario Quintana, além de nomes estrangeiros como Bertolt Brecht. No rap, falaram diversas vezes dos Racionais MC’s e de Gog. Citaram também a poeta Dinha, ligada a literatura de origem periférica.
“É impossível falar de literatura marginal sem pensar no hip hop e essa ligação umbilical com o movimento de saraus”, disse Inquérito, ele mesmo um agitador cultural nesta seara. Manuel completou dizendo que muitos críticos não aceitam uma antologia de poesia contemporânea sem a presença de rappers e sua verve poética. “A literatura marginal é literatura e não uma manifestação artística fechada em si mesmo”, complementou o moderador.
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