Com o tema "O Futuro do Livro e da Biblioteca" no centro do debate, o
Sempre um Papo (agora, na versão, em Casa), transmitido pela Internet na noite de 10 de setembro, contou com a participação de três representantes da SP Leituras: Pierre André Ruprecht, Marcelo Tas e Afonso Borges, respectivamente, diretor executivo, e integrantes do Conselho de Administração da Organização Social. Afonso, que é o apresentador do bate-papo, deu início ao encontro com tradicional pergunta sobre como os participantes estão se sentindo neste período de enfrentamento da pandemia. Os reflexos da expansão da doença marcaram vários momentos do programa, que promoveu o compartilhamento de visões otimistas sobre o que vem por aí na literatura e nestes espaços não só dos livros, mas de pessoas.
Pierre destacou o fato do deslocamento do foco das bibliotecas contemporâneas do acervo - de organismos de acesso e conservação de livros - para o público, estabelecendo-se como praças culturais, lugares de conexões, criação e discussão. "A gente parte deste entendimento: que a biblioteca pública é um local de construção autônoma do conhecimento; é a casa da palavra (e, portanto, a casa da literatura, que são complementares), é uma praça cultural, é o local de encontro das diversas tribos para discutir e produzir cultura". O diretor executivo da SP Leituras citou várias referências mundiais, entre elas, o bibliotecário americano David Lankes, que afirma que bibliotecas ruins gerem acervo; bibliotecas boas desenvolvem serviços e bibliotecas extraordinárias criam comunidades. Dentro deste contexto, Pierre lembrou as populações que circulam na Biblioteca de São Paulo e Biblioteca Parque Villa-Lobos, ambas geridas pela Organização Social: muitas vezes, segundo ele, são formadas por pessoas que nunca entraram antes em um espaço público destes, há aqueles em situação de rua e também muitas crianças que vão buscar lazer, por exemplo. A construção da programação e dos serviços vai sendo realizada a partir daí, dos interagentes, frequentadores das bibliotecas, claro, como salienta Pierre, com muita leitura, literatura, mas também com videogames, internet etc.
Apresentador do programa Provoca (TV Cultura), o comunicador Marcelo Tas é filho de professores de escola pública do interior de São Paulo e fez questão de ressaltar a importância das bibliotecas na formação de leitores e na sua própria. "A primeira biblioteca que eu conheci foi dentro da minha casa, uma estante com muitos livros", conta ele, que lembra de Monteiro Lobato como autor do primeiro título lido - "que fazia parte de uma coleção encadernada", acrescenta, puxando pela memória afetiva das capas vermelhas. Foi nas bibliotecas - citou as do Centro Cultural São Paulo, a de Nova York e da Universidade de NY (Elmes Holmes Bobst Library) - que Marcelo fez também descobertas importantes para sua vida, como a de Saul Steinberg, influência na construção de narrativas e do humor.