No Segundas Intenções, Edney Silvestre fala com emoção sobre sua trajetória
Postado em 26 DE março DE 2021
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A literatura entrou cedo na vida do escritor, jornalista e dramaturgo Edney Silvestre. Nascido em Valença, pequena cidade do estado do Rio de Janeiro, no começo dos anos 50, ele frequentava a biblioteca que ficava no 3º andar de uma construção em frente à praça principal. A bibliotecária morava no andar de baixo e bastava bater à porta da casa dela, pegar a chave, subir e escolher os livros que queria. E foi assim que o garoto Edney leu Thomas Mann, Jack London, Edgar Rice Burroughs, Joseph Conrad. De personagens complexos como Hans Castorp, do livro A montanha mágica, Prêmio Nobel de Literatura em 1929, a aventuras sangrentas na África, com Coração das trevas, ele foi formando seu repertório. “Eu lia sem saber o peso que eles tinham, adorava ler”.
O pai, dono de armazém, e a mãe, tecelã, tinham o hábito de ler jornais. E mesmo quando a casa da família e o armazém pegaram fogo e eles se viram obrigados a recomeçar, sempre que havia uma oportunidade, Edney ganhava um livro, contou o escritor, durante bate-papo com o jornalista Manuel da Costa Pinto, no Segundas Intenções de março.
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Valença tem uma característica interessante: sua riqueza foi impulsionada pelo Ciclo do Café, no século XIX, e, depois, se tornou um dos maiores polos têxteis do Brasil. As oportunidades de trabalho atraíram muitos imigrantes e ajudaram a forjar um município com referências culturais variadas. Isso possibilitou a Edney uma formação permeada por filmes estrangeiros e contato com diferentes línguas.
A gênese do escritor na pluralidade de vivências
Seus passos seguintes foram na Bloch Editores, como tradutor de HQs e livros em espanhol. Logo depois começaria a enveredar para o jornalismo, ao trabalhar na Manchete Press, a agência de notícias da Revista Manchete, fazendo reportagens. A carreira no jornalismo deslanchou. Como repórter da Rede Globo, foi correspondente internacional nos Estados Unidos, onde cobriu os ataques terroristas em 11 de setembro de 2001 e a Guerra do Iraque. A perplexidade de ter vivido uma das experiências mais marcantes do século XXI no Ocidente se fazem sentir durante o bate-papo, no silêncio e na emoção que entrecortam sua fala.
A relação forte com literatura prosperou no canal GloboNews, quando criou o programa Milênio com o lendário Paulo Francis. De volta ao Brasil, apresentou de 2002 a 2017 o Globo News Literatura, entrevistando autores como Mario Vargas Llosa, José Saramago e Lygia Fagundes Telles.
O corpo a corpo com a literatura
De leitor qualificado, que entrevistava autores, buscando compreender estilos, influências e camadas de significado nas obras, Edney torna-se escritor. “Eu sempre escrevi, mas tinha um certo pudor de me imaginar numa estante de livraria próximo a Saramago”, diz o autor. Conta que relutou muitas vezes por achar que não seria capaz de contar a história que gostaria de contar. “Eu buscava um modelo. Até que topei com a frase que serviu de epígrafe ao primeiro livro: ‘Os mortos não ficam onde estão enterrados’. A partir de dessa frase, eu fui em frente”, diz.
Seu romance de estreia, “Se eu fechar os olhos agora”, recebeu os Prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura 2010. É autor de nove livros, entre romances, contos, peça de teatro e reportagens. Tem obras traduzidas na França, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Sérvia, Itália e Portugal. Sua criação mais recente será publicada em maio pela Editora Globo. Trata-se de “Amores improváveis”, um romance histórico sobre uma relação inter-racial, ambientado no interior da Sardenha, numa pequena cidade de Minas Gerais, no fim do século XVII e em São Paulo, após a Primeira Guerra Mundial.
Há vários títulos disponíveis do escritor em nosso acervo, inclusive “Se eu fechar os olhos agora”, em audiolivro.
A íntegra do bate-papo, você pode assistir no nosso canal no YouTube ou aqui.
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