Morre a escritora Elvira Vigna
Postado em 11 DE julho DE 2017Segundo comunicado divulgado pela família, desde 2012, quando foi diagnosticada com um câncer de mama, Elvira optou por não dar ciência sobre a doença e trabalhar normalmente, pois seria excluída de atividades profissionais que dependessem de convite. Tanto que de lá para cá publicou 7 livros, sendo quatro no Brasil, um na Itália, um em Portugal e um na Suécia; como autora, recebeu 4 prêmios de prestígio (prêmio APCA de Melhor Romance 2016, segundo lugar do Oceanos, prêmio ‘ficção’ da Academia Brasileira de Letras, Cidade de Belo Horizonte de Melhor Romance) e foi finalista de outros 4 (Prêmio Rio, Jabuti, São Paulo, Portugal Telecom); traduziu 4 livros; publicou 9 artigos acadêmicos; ministrou várias palestras; apresentou seus livros na feira de Gotemburgo (2015); ilustrou 4 livros, sendo dois desses premiados (incluindo um Jabuti de melhor ilustração); a lançar ainda, mais 3 livros.
O suplemento literário Pernambuco, na figura do editor Schneider Carpeggiani, propôs um roteiro de leitura das obras de Elvira. Lembrando que no acervo da BSP é possível encontrar alguns de seus livros:
Nada a dizer (2010) – Um livro sobre traição em que o marido adúltero não tem voz ao longo da narrativa. O processo de silenciamento é a via de recuperação que a autora oferece como espécie de compensação para a esposa traída. A morte da linguagem = a morte do sujeito. Uma obra que sedimentou o lugar de Elvira como uma das estilistas mais originais do país.
O que deu para fazer em matéria de história de amor (2012) – A vida oferece várias formas de se erguer uma história: pode ser um assassinato/ pode ser um relato amoroso, tudo depende do seu ângulo de observação. E também um dos começos mais fortes da literatura brasileira contemporânea – “Chega um cheiro de cigarro da mesa ao lado. Aspiro. Não fumo, nunca fumei, se me perguntarem, não gosto de cigarro, não perguntam, já sabem. No entanto, gosto. E podia parar por aqui. Porque é nisto que penso. Nessas histórias que parecem uma coisa e são outra. Se forçar a barra, chego no suspense, no será que. Por exemplo. Espero Roger. Já sei. Oi. Oi. E aí. Tudo bom. E, quando afinal ingressarmos no pós-introito, ele vai falar do Guarujá. De eu ir ao Guarujá. E eu vou dizer que não quero. E, no entanto, quero.”
Como se estivéssemos em palimpsesto de putas (2016) – De certa forma, esse romance condensa o pensamento literário que Elvira distribuiu em sua obra ao longo da última década. Estão aqui um suposto assassinato, uma observação ferina a respeito do mundo em que vivemos e uma série de personagens longe de casa, em relações superficiais ou simplesmente perdidos.
Com informações de Estadão – Cultura e Suplemento Pernambuco