J. P. Cuenca no Segundas Intenções da Biblioteca de São Paulo
Postado em 25 DE julho DE 2017Cuenca nasceu no Rio de Janeiro em 1978, é autor de diversos romances, obras muito diferentes entre si, que já foram traduzidas para oito idiomas. Além disso, escreveu crônicas para a imprensa carioca e paulista e atualmente é colunista do The Intercept Brasil. Em 2016, dirigiu o longa A morte de J.P. Cuenca, selecionado para o Festival do Rio e para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Fã de Rubem Fonseca e Agatha Christie, teve como primeiro editor o escritor Rubens Figueiredo, que liderava a revista Ficções. A publicação abriu espaço para autores da literatura contemporânea brasileira entre os anos 1990 e 2000.
Na BSP, falou de Corpo presente (2003), que Manuel comentou ser um romance maduro para um escritor em formação, especialmente por trazer uma concepção estrutural ousada. A trama é sobre homem que atravessa ruas, noites e mulheres em busca de um amor perdido ou impossível. “É um personagem que busca a representação do amor, vai procurando e se perdendo”.
Também contou sobre O dia Mastroianni (2007), que faz referência ao ator Marcello Mastroianni, um bon-vivant do cinema italiano. O título é uma brincadeira para aquelas noitadas regadas a mulheres, bebidas e festas incríveis. Na obra, reflete sobre jovens de classe média do Rio de Janeiro, que estão sem destino e presos a uma adolescência que jamais termina. “O romance tem uma chave de humor. Nele, contou um pouco dos bastidores do meu primeiro livro”.
Apontou novos caminhos em O único final feliz para uma história de amor é um acidente (2010), que integra a série Amores Expressos, onde escritores brasileiros viajaram para diversos países e tinham como encomenda escrever uma história de amor. Na obra, conta o entrelaçamento afetivo entre um executivo japonês, seu pai controlador, uma boneca de silicone, uma garçonete polonesa e uma dançarina de um inferninho em Tóquio. “Ali, examino o processo de objetificação do corpo, quando você tende a transformar alguém em uma coisa. E tento capturar parte do espírito da cultura japonesa, libertária e reprimida na questão sexual”.
Gerou risadas ao falar de Descobri que estava morto (2016), seu romance mais recente. O autor descobriu que legalmente tinha morrido em 2008, existia até um atestado de óbito comprovando este fato. Obteve então um pretexto para falar do Brasil e do Rio de Janeiro, onde examina o calvário burocrático para provar que estava vivo, mostra detalhes de seu ‘funeral’, entre outros aspectos.
Prefere o termo ‘performance’, do que ‘autoficção’. Acredita que autores modernos já imprimiam experiências pessoais em suas obras como Lima Barreto (em Recordações do escrivão Isaías Caminha) e Joseph Conrad (em O coração das trevas), algumas de suas referências. “A autoficção não é algo novo. Mas toda vez que falo desta obra, crio um diálogo com ela, como neste bate-papo ou no filme que a sucedeu. É algo que pertence a esta experiência literária”, finaliza.
Para quem perdeu o encontro, em breve este post será atualizado com a gravação do vídeo na íntegra. O próximo Segundas Intenções na BSP é com o poeta e cronista Fabrício Corsaletti, autor dos livros Esquimó e Golpe de ar. A atividade está agendada para o sábado, 26 de agosto, às 11 horas.