Islândia, um país dos livros
Postado em 17 DE outubro DE 2013A Islândia está vivendo um boom literário. Esta ilha, com pouco mais de 300 mil habitantes, tem mais escritores, mais livros publicados e mais livros lidos per capita do que qualquer outro lugar do mundo.
Há uma frase em islandês que diz, "ad ganga med bok I maganum", todo mundo dá origem a um livro. Literalmente, todo mundo "tem um livro em seu estômago". Um em cada dez islandeses irá publicar um livro.
Sagas são escritas em guardanapos e copos de café. Cada gêiser e cachoeira existente serve de inspiração para um conto de antigos heróis e heroínas. Bancos de rua têm códigos de barras que permitem escutar uma história no smartphone enquanto estiver sentado.
"Escritores são respeitados aqui", diz Agla Magnusdottir, responsável pelo novo Centro de Literatura da Islândia, que oferece apoio estatal para a literatura e sua tradução. "Eles vivem bem. Alguns até recebem um salário."
"Eles escrevem de tudo - sagas modernas, poesias, livros infantis, literatura e ficção erótica - mas o gênero que mais cresce é o romance policial", completa ela.
Essa, talvez, não seja nenhuma surpresa neste país nórdico. Mas a venda de romances policiais é impressionante - o dobro do que em qualquer um de seus vizinhos nórdicos.
Então, o que levou a esse boom literário?
Pode ser devido a uma safra de excelentes escritores, que escrevem contos fascinantes, com personagens fantásticos, pode ser o cenário da Islândia. Com leitos de rios formados por lava negra, gêiseres, terras que borbulham, vulcões, e rios que lembram contos de fadas, o país é perfeito para histórias.
Não é à toa que o britânico J.R.R. Tolkien, autor de Senhor dos Anéis, e o poeta irlandês Seamus Heaney se encantaram pelo país, e a Unesco designou a capital Reykjavik como a Cidade da Literatura em 2011.
Mas alguns temem um crack literário. A Islândia tem tantos escritores que há enorme pressão sobre os editores. Nesta época do ano acontece o que os islandeses chamam de "jolabokaflod", quando a maioria dos livros são publicados pensando nas vendas de Natal.
Cada família recebe um catálogo de livros. Todos ganham livros de presente de Natal – de capa dura e devidamente embalados.
"Mesmo agora, quando vou ao cabeleireiro, as mulheres não querem que eu conte fofocas de celebridades, mas recomendações de livros para o Natal", diz Kristin Vidarsdottir, gerente do projeto da Unesco Cidade da Literatura.
Fonte: BBC