Confira o que rolou no aniversário da BSP
Postado em 20 DE fevereiro DE 2018Às 11 horas, foi realizado o primeiro Segundas Intenções do ano, com a cartunista Laerte. Com um forte discurso político e uma pitada de humor, ela falou sobre a questão trans no Brasil, sobre o machismo na sociedade e contou detalhes da sua carreira e de seus próximos projetos.
Ao longo do dia, a Cia. do Liquidificador fez uma divertida intervenção chamada Poesias ao Vento. Com duração de 40 minutos, os atores cantaram, declamaram poesias e estouraram balões. Neles, trechos de textos de autores como Chacal, Pedro Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes.
Ao estourar os balões, as crianças e adultos receberam uma performance exclusiva. O diretor do grupo, Fábio Spila, explica que a ideia é ser leve e aproximar as pessoas do livro e da leitura. “Não queremos nada muito rebuscado para não assustar uma criança que possa ter o primeiro contato com poesia. É para ser bem descontraído”, comenta o ator.
À tarde, a BSP promoveu a Tarde de Lançamentos, onde Benício Targas, Maria Eugenia Cerqueira e Monik Lelis lançaram os livros Tripálio, As aventuras de Gipsy e As aventuras do Minhocoloco, respectivamente. A ideia da BSP é divulgar as obras e o trabalho dos autores.
Benicio comentou que Tripálio é uma seleção de contos que tem um tema em comum: um grito de sobrevivência no trabalho. “Escrevo para sobreviver, faço isso desde pequeno. Agora tive a ideia de buscar uma editora e publicar alguns contos que já estavam escritos. Acho que estas narrativas curtas são um primeiro passo, ainda não teria fôlego para um romance”, disse o autor, que cita como referências nomes como Carlos Drummond de Andrade, Charles Bukowski, Jack Kerouac e Oscar Wilde.
A carioca radicada em São Paulo, Maria Eugenia Cerqueira, fala sobre As aventuras de Gipsy. É a sua sexta obra e a primeira incursão no universo infantil. “É fantástico estar aqui, curtir este ambiente e fazer um lançamento de livros diferente dos outros, pouco convencional. Não é uma livraria e sim, uma biblioteca, que é o templo dos livros”. A advogada conta que o livro tem um viés educacional e visa ensinar os pequenos que bicho não é um brinquedo e que é necessário ter responsabilidade com os animais. “Eu tenho uma porca chamada Gipsy, que hoje tem quase 200 quilos. No livro, ela conta a sua história de maneira divertida”, comenta.
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Já Monik Lelis fala que As aventuras do Minhocoloco foi motivada por um desejo de escrever para crianças. É seu segundo livro. O primeiro, Árya, feito em parceria com Carolina Marmo Pepe e Marco Antonio de Barros, foi lançado em meados do ano passado na Biblioteca Parque Villa-Lobos.
“Gostei muito daqui, é uma delícia comemorar o aniversário da biblioteca”. Ela explica que a personagem principal é uma minhoca não gosta de ficar muito tempo no mesmo lugar. Ao longo de uma jornada vai enfrentar desafios e problemas, conhecer coisas novas e ter contato com uma amizade inusitada.
Às 15h30, foi realizada uma homenagem aos sócios que mais prestigiam a instituição cultural. O diretor executivo da SP Leituras, organização social que gerencia o equipamento, fala que a biblioteca tem que ser ocupada pelo público. “As nossas portas estão abertas sempre e as pessoas que nos frequentam devem ser homenageadas. São vocês, o público, que dão vida a esta biblioteca”, disse.
Os nomes destes sócios especiais, que receberam um livro de presente são: William Kernbichler e Ian Uglar Kernbichler (Lê no Ninho), Laura Kamê Cazzoli Y Goya (Programação Cultural), José Carlos da Costa Teixeira (+60), Eliane Baptista Caccia Zechin e os filhos Clara Helena e Filipe Zechin (Família), Alzemiro de Oliveira Segovia (Acessibilidade), Marcos Aurélio Dias Bueno (Adulto) e Emmily dos Santos Medeiros (Jovem). Veja galeria de fotos:
Na sequência, a Cia. Truks encerrou a programação com o Espetáculo: Sonhatório. A peça foi montada originalmente em 2012 e conta a história de três loucos que se sentam à mesa num sanatório, mas não têm nada para comer. Inventam então, várias histórias que vão passar pelo fundo do mar e questionar um pouco da loucura na sociedade, de maneira poética. A peça é ótima, a trilha sonora fantástica, e o desfecho da trama, surpreendente.
O ator e produtor Gabriel Sitchin chama esse tipo de espetáculo de ‘teatro de objetos’. É um sistema misto: ao passo que são usados guardanapos, bacias, copos e garrafas, típicos de um teatro de animação, os atores também estão presentes na atuação e interagem com o público.
Ele conta que a companhia foi criada em 1990 pelo seu pai, Henrique Sitchin, e já participou de mostras e festivais no Brasil e no exterior. Atualmente, percorrem o estado de São Paulo com diversos espetáculos: no repertório, são 15 peças, 8 delas ainda em cartaz. Na BSP, já tinham vindo duas vezes. “É importante destacar que cada vez mais existe um teatro infantil de qualidade no Brasil, que trata a criança de maneira humanizada e conta boas histórias”.
Já o ator Rogério Uchoas, integrante da Cia há 8 anos, destaca a felicidade de poder encantar as crianças no aniversário da biblioteca. “Esse lugar tem muita história e traz uma carga energética muito grande. É muito legal um presídio ter virado um parque e uma biblioteca, que têm um uso público. Participar aqui hoje deste evento é trazer um grão de areia de energia positiva para um lugar tão legal”, comenta.
Vale lembrar que a BSP integra um projeto de revitalização no terreno em que funcionou a Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como Carandiru. Ocupa uma área de mais de 4 mil metros quadrados e conta com um acervo de 43 mil títulos, entre livros, jogos, brinquedos, revistas e jornais. Em 2017, realizou mais de 1.000 eventos culturais, tem 28 mil sócios cadastrados e emprestou 125 mil títulos. Desde a inauguração, em 8 de fevereiro de 2010, mais de 2 milhões de pessoas já conheceram o espaço. No ano passado, foram 295 mil visitas, cerca de 25 mil por mês.
Para incentivar ainda mais o acesso e a frequência dos usuários, a biblioteca preparou uma campanha nas redes sociais perguntando aos usuários por que eles gostam tanto do espaço. A ideia central é incentivar os frequentadores a fazer a carteirinha e, com isso, ter acesso ao empréstimo de livros e poder usar computadores e a sala de games. As melhores frases ganharam livros e ingressos para outros centros culturais da cidade, além de estar presentes na decoração da festa. Veja mais sobre esta campanha neste link.