#BSP10anos: bate-papo especial reúne autores da literatura brasileira atual
Postado em 26 DE fevereiro DE 2020A íntegra do bate papo pode ser vista na página da BSP no Facebook.
[caption id="attachment_59272" align="aligncenter" width="702"] Bate-papo especial reuniu Cidinha da Silva, Marcelino Freire, Roberta Estrela D'Alva e Rodrigo Ciríaco na programação de aniversário de 10 anos da BSP. Foto: Paulo Matheus[/caption]
A partir de uma provocação de Rodrigo Ciríaco, que começou o bate-papo falando sobre o acirramento do ambiente político e dos ataques ao setor cultural, Cidinha da Silva disse que tem escrito pouco sobre o tema. "O que eu tenho feito, na verdade, é me posicionar na ação política direta, mais do que fazer literatura, nesse período nefasto que estamos vivendo", disse ela. Já Marcelino Freire deu uma receita com tons poéticos para contornar o que chamou de "tempos difíceis": "Para cada negação, uma afirmação contundente. Essa é a solução", disse.
Para todos os participantes da mesa, a biblioteca foi fundamental para a construção de suas carreiras como escritores. Freire, por exemplo, contou que, na infância, suas bibliotecas eram seus professores: "Cada professor, cada professora é uma biblioteca ambulante". Já adulto, quando chegou em São Paulo, no ano de 1991, seus refúgios eram a Biblioteca do Memorial de São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade.
[caption id="attachment_59276" align="aligncenter" width="702"] Rodrigo Ciríaco, observado por Cidinha da Silva, media bate-papo especial na programação de aniversário de 10 anos da BSP. Foto: Paulo Matheus[/caption]
Cidinha disse que a biblioteca foi fundamental na sua formação. E explicou o contexto:"A minha família não tinha condições de comprar livros, as prioridades eram outras. Então, tive muita sorte, desde o ensino fundamental, de contar com as bibliotecas escolares. Como podia pegar três ou quatro livros, conseguia comentar com as bibliotecárias. São espaços, para mim, muito estruturais".
Roberta disse que as bibliotecas foram muito importantes em dois momentos de sua vida. Na primeira, quando entrou no curso de artes cênicas da USP. "Para fazer as provas técnicas, tinha que ler livros de Eugene O'Neill, Anton Checov, Samuel Beckett. Eu ia na Biblioteca do Centro Cultural Vergueiro para lê-los", contou. No segundo momento, durante o mestrado e o doutorado, ela frequentava a Biblioteca da PUC-SP. "Tinha uma frequência de concentração lá incrível. Você se beneficia de uma onda cerebral de estudos e conhecimento", disse ela.
Ao serem questionados sobre que autores ou livros estão lendo atualmente, os participantes da mesa se dividiram. Roberta Estrela D'Alva indicou antologia de poesias de mulheres slammers "Querem nos calar", com organização de Mel Duarte, da editora Planeta; Cidinha da Silva disse que entre seus autores de cabeceira estão Jeferson Tenório, Natalia Borges Polessa e Maria Valéria Rezende.
No fim do bate-papo, quase todos leram trechos de algumas obras. Roberta declamou "A voz", poesia falada de sua autoria. Cidinha leu o conto "Maria Isabel", do seu livro "Um Exu em NY". E Marcelino leu um texto sobre Luiz Alberto Mendes, de seu livro de ensaios "Bagageiro", e declamou, de cor, "Totonha", em homenagem à sua tia que não sabia ler.
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