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Afonso Borges: histórias, afetos e “o vento das palmas”

Postado em 14 DE abril DE 2021
O que faz um jovem de 17 anos investir até a alma num projeto de literatura? O convidado do Segundas Intenções de abril é o jornalista, escritor e empreendedor cultural Afonso Borges, criador e curador do programa de entrevistas com autores de língua portuguesa Sempre um Papo, que comemora 35 anos. Um dos projetos mais respeitados e longevos de promoção da leitura e literatura no Brasil, já foi realizado em cerca de 30 cidades em 8 estados, além de ter sido sediado durante um ano na Casa de América, em Madri, na Espanha, totalizando 7 mil eventos presenciais, com um público estimado em 2 milhões de pessoas. Surgiu no fim da Ditadura Militar, aproveitando uma enorme lacuna deixada por ela. Foi palco das vozes e das ideias de gente que queria construir um novo Brasil.

Para contar a história do Sempre um Papo, seus melhores momentos e os desafios dessa trajetória, participaram como mediadores a jornalista Paula Rangel e o escritor e tradutor Eric Nepomuceno, que foi, ao lado de Frei Beto e Fernando Morais, um dos primeiros entrevistados do programa, quando, em 1986, apresentou uma edição revisada do seu livro “Cuba: anotações sobre uma revolução”. Na abertura do Segundas Intenções, o diretor executivo da SP Leituras, organização social que gere a Biblioteca de São Paulo (BSP) e a Biblioteca Parque Villa-Lobos (BVL), Pierre André Ruprecht, destacou sua incrível marca tanto de longevidade quanto de audiência. O encontro online foi transmitido na página do Facebook da BSP e você pode assistir aqui.

Mineiro de Belo Horizonte, nascido em 1962 e bom contador de histórias, Afonso diz que a vida lhe ofereceu oportunidades. A primeira delas foi um emprego como bancário. Isso facilitou as coisas e, um ano depois, largou o salário certo pelo sonho.

O início

“Mas de onde surgiu a ideia brilhante de achar que seria interessante, comercial e longevo juntar o autor com o público?”, perguntou Paula. Eram os anos 80 e o país vivia a anistia, com os presos políticos e as pessoas banidas pelo regime militar retornando ao Brasil. “E eu comecei o Sempre um Papo com este gancho de colocar as pessoas para conversar, era uma geração extremamente atuante na construção desse possível país pós-ditadura”, conta Afonso sobre o programa, que teve o nome sugerido por Frei Beto.

Bem no início, os eventos eram realizados em bares, “mas a química ‘debate e bebida’ às vezes terminava em pancadaria. E ter que controlar as conversas inflamadas acabou me tornando um mediador melhor”, conta.

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Orelhões

Tudo era realizado com poucos recursos e um exemplo emblemático são as ligações feitas com fichas telefônicas a partir de orelhões públicos para as editoras, para convidar os escritores que elas representavam a participar do programa de entrevista. Dentre as editoras, a recém-lançada Companhia da Letras era a única a aceitar ligações a cobrar. A logística incluía passagens aéreas para o local do encontro, patrocinadas pela Varig, translado dos autores do aeroporto até o local do evento feito pelos amigos e hospedagem na casa do próprio Afonso. “Formavam-se filas de diversos quarteirões com gente querendo ouvir os escritores”.

O improviso também fazia parte. No final dos anos 80, o jornalista Fernando Gabeira, recém-chegado do exílio, estava em Goiânia escrevendo uma série de reportagens sobre o Césio 137 para a Folha de S. Paulo. Recebeu o convite para participar do Sempre um Papo e, em poucas horas, estava Afonso a colar cartazes em bares e mandar fax para os amigos para divulgar um evento que reuniu 800 pessoas.

Na sequência, Afonso, que tinha formação em jornalismo, passou a dar status de show aos eventos literários. Assim, passaram a fazer parte do pacote de divulgação cartazes, anúncios em jornais e spots de rádio. Fazia um evento de qualidade. “Na minha primeira participação no Sempre um Papo, tinha o Darcy Ribeiro na plateia”, conta Eric Nepomuceno.

Ao longo de três décadas, alguns autores como Raduan Nassar e Rubem Fonseca, mais recatados, resistiram ao convite e alguns poucos, como Millôr Fernandes, furou no dia combinado. Outros, como José Saramago, se impressionaram com a adesão do público.  Quando o escritor português estava na coxia no Palácio das Artes, teatro construído por Oscar Niemeyer no centro de Belo Horizonte onde aconteciam os debates, antes da sua entrada no palco, disse: “Afonso, é a primeira vez que eu sinto o vento das palmas”.

Sobre dificuldades, o empreendedor cultural diz que pensou dia sim, dia não, em mudar de vida, mas nenhum convite recebido o fez mudar a rota. “Sempre fiz o que gostava”, diz Afonso. Segundo ele, esses encontros trazem a experiência fantástica da convivência e do afeto, mesmo no campo virtual. O público quer aprender e se interessa pela experiência metafísica do escritor. “Neste contexto de pandemia, a arte e todas as camadas da criação, é que vão dizer para o mundo como e para onde caminhar”.

No canal Sempre um Papo do Youtube você pode assistir mais de 400 programas gravados.

 

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