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Nara Vidal revela que seu interesse por literatura começou em uma biblioteca pública

Postado em 01 DE julho DE 2024
Crédito: Saul Nahmias / Divulgação

Nara Vidal foi a convidada do Segundas Intenções na Biblioteca Parque Villa-Lobos no último sábado, 29 de junho. A escritora, formada em Letras pela UFRJ e com mestrado em Artes e Herança Cultural pela London Met University, é autora de obras como Sorte (Editora Moinhos, 3º lugar no prêmio Oceanos), Mapas para desaparecer (Faria e Silva), Eva (Todavia) e Shakespearianas: as mulheres em Shakespeare (Relicário). No bate-papo mediado pelo jornalista Manuel da Costa Pinto, Nara discutiu suas influências literárias, a origem de seu interesse pela escrita e temas presentes em seus livros.

Nara, nascida em Guarani, uma pequena cidade próxima a Juiz de Fora, destacou a importância das histórias orais e do ambiente familiar em seu desenvolvimento como escritora. Ela compartilhou como sua paixão por narrativas começou na infância, influenciada pela forte oralidade das cidades mineiras e pelo ambiente acadêmico de sua família, composta por professores. Mas o interesse pela literatura não começou em casa, e sim numa biblioteca pública. "Minha mãe foi professora de Geografia, meu pai foi professor de História (já aposentado há muitos anos). E apesar de vir de uma família de professores, eu não me interessava por livros na infância, apenas por histórias. Lia muito gibi, especialmente Turma da Mônica. Meu interesse por leitura começou na adolescência, aos 13 anos, na biblioteca pública de Guarani, onde uma amiga me indicava livros que a escola não pedia. Lembro-me especialmente de O amante de Lady Chatterley, que era proibido na época da ditadura, e que me fascinou pela sua linguagem", contou.


Durante o evento, Nara discutiu obras como A loucura dos outros, uma coletânea de contos que exploram a feminilidade sob várias perspectivas, incluindo a projeção e idealização da imagem da mulher por parte dos homens. "Ali exploro bastante a questão da mulher. Toco num ponto que sempre me interessou: o corpo da mulher. Me interessa muito porque parece que nunca é dela, sempre à disposição de outros interesses. Tivemos agora essa PL sobre a questão do aborto. São temas muito interessantes que se atrelam ao corpo da mulher como um território de ninguém.  Em A loucura dos outros começo a explorar isso, incluindo a maternidade e muitas críticas ao casamento. Curioso é que muita gente acha que sou contra o casamento. Não sou mesmo, nem um pouco, mas acho o casamento, a instituição, e tudo que ele representa, interessante de observar. Há gestos e códigos comuns a todos que passam esse disfarce. Me interesso muito pelo que está na fachada e o que acontece por trás dela. O casamento é muito fértil para isso, com muitas histórias a partir disso, do íntimo, do dentro de casa, das portas fechadas", disse.

Ela também abordou Sorte, um romance que entrelaça as histórias de imigrantes irlandeses no Brasil do século XIX, explorando temas como violência, escravidão e identidade racial: "a história aborda a violência, a escravidão e a complexidade das relações raciais e sociais. As duas histórias, a irlandesa e a brasileira, se entrelaçam, trazendo à tona questões universais de violência e subjugação, tanto de corpos quanto de vozes femininas. O título 'Sorte' tem vários significados. Aqui, não é sorte no sentido de algo bom, mas sim de destino, que no caso deles é repleto de infelicidades. A sorte de cada um, a sorte brasileira, reflete um destino difícil."

Seu livro mais recente, Eva, foi descrito como uma narrativa complexa que mergulha na psique de uma mulher que enfrenta traumas do passado e uma relação abusiva, desafiando o leitor com sua estrutura não linear e intensidade emocional. "Essa leitura é exigente, e muitos leitores acham o livro difícil de acompanhar. A estrutura tenta fazer o leitor acompanhar o processo de loucura da personagem, entrando na cabeça delirante dela. Eva narra todas as partes da história, puxando memórias sem ordem, o que pode desnortear o leitor. A loucura dela atinge um ápice na parte central do livro. A personagem nasce sob o estigma de um nome que gera divergência entre os pais. Eva é fruto de repressão sexual e opressão, marcada desde pequena por um discurso familiar que a torna cobiçada. A repressão da mãe, que tem suas próprias frustrações e desejos, projeta esses sentimentos na filha. Eva, ao explorar seu corpo e provocar a mãe, enfrenta constante julgamento e repressão. A relação com a mãe é crucial para o seu enlouquecimento", comenta.

Além de sua carreira como escritora, Nara Vidal também se dedica à tradução literária, trazendo obras significativas do inglês para o português, como as de Katherine Mansfield e em breve Virginia Woolf. Seu ensaio Shakespearianas: As mulheres em Shakespeare reflete sua paixão por Shakespeare e suas reflexões sobre o papel das mulheres nas peças do dramaturgo inglês: "Traduzir do inglês para o português é algo que gosto muito, fiz esse trabalho com a Antofágica, uma coleção de contos da Katherine Mansfield, uma modernista inglesa (na verdade neozelandesa). Ela é muito célebre, mas fala-se pouco dela comparado à Virginia Woolf, que dizia que Mansfield era a única escritora de quem ela tinha ciúmes. Tentei levantar uma bandeira para Katherine Mansfield, uma escritora de uma sutileza e refinamento incríveis. Estou traduzindo uma novela dela que será publicada em breve e várias outras traduções. Vou traduzir Virginia Woolf agora, um super desafio, mas muito interessante. Traduzir é uma leitura aprofundada, uma leitura rica. 'Shakespearianas' é um ensaio literário, não acadêmico. São observações minhas, livres, literárias, sobre minha paixão por Shakespeare", finaliza.


A conversa completa estará disponível em breve no canal do YouTube da BVL. Não perca!

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